Comida e água

me beije ou me mate fortemente

traiçoeiro como frases que ninguém fala

sem fronteiras entre o vento e sua pele

(como) um padre e uma tentação

um olhar que corre

como se o chicote estivesse atrás dele

e a vida igual todo dia

comida e água na mais profunda masmorra

de uma benção exorcizando a água benta

ofereça-me talvez aquelas nuvens

cavalos lusitanos

um nada vazio, comendo os versos

em uma enorme mesa de carvalho

que só tem por função existir

desordene a mentira, prepare o aço

a contração na madeira

dois arcanjos lá da boemia

que erguem a palavra pintada com sons

como se fosse o maior poema

só esperando que o vento sopre.

Vania Lopez
Enviado por Vania Lopez em 02/05/2019
Código do texto: T6637093
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