eclosões de palavras
arremessadas em folhas
explosões causadas
por momentos, 
ameaças, 
angustias e lamentos ...
q' ao fim não valem d' nada,

morreremos daqui a pouco, 
aproveitemos esse pouco,
conheças novas almas,
prove de seus gostos, 

deguste-as ... 
alegrias e tristezas,
preserve riquezas em espirito,
ande por ruas descalço e despido 
da verdadeira e mais suja pobreza,
sentindo-se leve mesmo levando 
carmas q' pesam uma tonelada,

despertar o melhor em pessoas
e atrair o pior para si mesmo,
são esses atos de desespero,
o abrir dessas garrafas lacradas
que me despertam prazeres 
levam embora os medos, 
refletem seu partir ...
o seguir da sua jornada,  

tais cartas, por mais sombrias q' sejam, 
remetem meu sorriso, 
angustias mantenham-se em segredo, 
hoje sei: elas sempre vão existir, 
por isso não mais finjo q' não existem,
ao acordar pela manhã, 
digo a elas _ "tenham um bom dia"
pelo dia se vão ... 
pela noite persistem,  

ao abrir a janela
te vejo tão distante, 
lembro do antes, 
desejos do instante 
em que podia te tocar, 
te sentir, te beijar ... 
e mesmo com tudo 
não mais desejo voltar,
talvez viver seja essa arte
de terminar e recomeçar.