Destrancando portas

Cada vez mais distante

Ao retornar a casa

Sinto-me uma estranha

Ávida, procuro nas texturas das paredes

As cores do silêncio

O canto dos pássaros

Risadas abafadas numa tarde de calor

Percorro a sala

A frieza dos corredores

Destrancando portas

Vasculhando lembranças

Descobrindo meu rosto

Nos móveis, no espelho

E a alma como um nó

Com os olhos fechados

Enxergo com os dedos

Reconheço aos poucos

Nas águas mornas

Mergulhando a ponta dos pés

Percebo, ainda relutante,

Estou em casa

Fui eu que arrumei tudo

São minhas as decorações

É meu aquele chão

Escolhi ficar

Por mais tempo talvez

E ver, mais uma vez

Aonde isso me levará

Rafaela Alonso
Enviado por Rafaela Alonso em 10/05/2019
Código do texto: T6643623
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