PROCURA-SE
Procuro um verso qualquer no defumador do meio-dia,
ciente de que posso fraudar o poema, mas não a poesia.
Reviro as rochas dos canteiros e também as das nuvens,
fuxico lá e ali, mudo o ângulo e lanço a isca no cardume
de nadas, na inflexão dos segundos que rodeiam o minuto
das horas passadas, do presente dizimado e desse futuro
no céu de soldado raso da rede insaciável e seu prato fundo.
Estou atrás de um verso, preciso. Não precisa ser profundo.
Procuro-o. Esta é a questão que aqui, finalmente, se coloca:
entre os biombos. Nas falhas da gelosia. Sobre a portinhola