POEMA DO ADEUS

Durante toda a vida, caminhei sobre espinhos

Que feriram os meus pés

E fizeram sangrar a minha alma

Perecia minha vida

Em incansáveis torturas e lamentos silenciosos

No caminho estavas, perdido talvez

Ofereceste-me o ombro

Ouviste o meu silêncio e comigo choraste

Carregaste-me nos braços

Amparaste-me num abraço

Deste a mim uma sobre vida

Tentando dar sentido ao que perdido estava

Não lamentes por não teres sentido amor

Eu também não senti

Não era mesmo para ser amor, mas sim, amparo

Quando as minhas lembranças, se forem apagando de ti

Apenas olhes para o meu retrato, já amarelado pelo tempo

Pendurado, esquecido, numa parede qualquer

E vejas o quanto meu olhar era triste

Os espinhos da vida frustraram-me

Meu coração tornou-se frio

E se aninhou num quarto escuro

Não viste que chorei?

Não, não viste… estava escuro

Eu não tinha luz interior

Tiraste os espinhos que feriam os meus pés

No entanto, ficaram cicatrizes na alma

Que vez ou outra, insistem em sangrar

Trazendo de volta pesadelos passados

Do quarto triste e escuro, voei

Sem dizer-te adeus

Apenas o som desesperado

Do bater de asas em busca do céu.

MARIA LUIZA VERONEZE GUARNIERI
Enviado por MARIA LUIZA VERONEZE GUARNIERI em 17/05/2019
Reeditado em 26/03/2022
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