CARNAVAL
O fim do carnaval tem gosto de cinzas,
o fim da vida tem solidão na partida.
Confete e serpentina, brilho sem vida,
do sol que queima tudo, cauteriza a ferida.
Cicatrizes são contos de uma escola de samba,
que atravessou a rua por engano, perdida.
Samba morno, das lutas de todo dia,
cansaço imposto, pra não se acordar da paralisia.
Precisa-se andar pra não perder-se a fúria,
que esteve no remorso e na covardia.
Daqui pra frente é esperar o machado da justiça,
que infalivelmente reinicia o ocaso da avenida vazia.