CARNAVAL

O fim do carnaval tem gosto de cinzas,

o fim da vida tem solidão na partida.

Confete e serpentina, brilho sem vida,

do sol que queima tudo, cauteriza a ferida.

Cicatrizes são contos de uma escola de samba,

que atravessou a rua por engano, perdida.

Samba morno, das lutas de todo dia,

cansaço imposto, pra não se acordar da paralisia.

Precisa-se andar pra não perder-se a fúria,

que esteve no remorso e na covardia.

Daqui pra frente é esperar o machado da justiça,

que infalivelmente reinicia o ocaso da avenida vazia.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 20/05/2019
Código do texto: T6651498
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