A ALMA
A alma vagueia, imaginando o sono!
E desprendida do corpo
Ela tende a olhar
Aqueles em completos sonhos.
...O feitio da noite
Rompi-lhe conjuntura
E meia acordada ela lampeja
Provocando a lua...
Mais ali todos dormem!
E a alma então se faz faísca,
Por entender que o composto se faz só
E ela está acordada ali sozinha.
A madrugada mística,
Vem compondo-a em meio a penumbra.
E perdido na dúvida
A alma encontra-se nua de desejos.
Talvez nessa cama, tão serena
Ela tenha se comprido...
Seja pelo silêncio que flui no espaço,
Seja pelo frio trazida pelo vento.
Nesse quarto agora;
Nada se sente!
Nem a imensidão do tempo
Nem os segredos ali guardados.
Agora apenas, só lhe resta a cena,
Derramar sentimentos pela fenda da janela
Para assim, desfazer o céu enluarado
E tomar-se a forma de uma nuvem cinzenta.
... aquela nuvem sim, com o uivo a avisar,
Rompendo o silêncio,
Ditando na escuridão
Aonde quer molhar.
E assim descer dos céus
De volta aquela janela;
Correndo, tombando, batendo.
Até fazer aqueles amados acordar.
A ponto, deles também sentirem o frio
No apertar da noite
Até buscar na carne o alento
Sem se importar se ainda é tarde o cedo.
... E a abraçar com juras e beijos
Como se o instante nada fosse
Nada além dos caprichos da natureza,
Ou dos deuses.
Agora em suma...
A alma escuta...
sobre a cama,
Uma voz a sussurrar sonolenta;
“Vem amor, para mais perto,
Chove lá fora,
O seu corpo é quente
Me dar o teu calor, quero agora.”
A alma ora, logo não mais olha
Sente o sono
Ver-se em sonhos
Sem tornar a noite seu confidente...