Amor de um único incêndio

Por Súplica de Miguel Torga da página de Francisco Coimbra:

http://www.recantodasletras.com.br/homenagens/664474

"Agora que o silêncio é um mar sem ondas,

E que nele posso navegar sem rumo,

Não respondas

Às urgentes perguntas

Que te fiz.

Deixa-me ser feliz

Assim,

Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.

Só soubemos sofrer, enquanto

O nosso amor

Durou.

Mas o tempo passou,

Há calmaria...

Não perturbes a paz que me foi dada.

Ouvir de novo a tua voz seria

Matar a sede com água salgada."

(Miguel Torga)

Nós os escrevíamos todos os dias, de dia,

Mas na noite, em todas as noites, não tinham valia.

Era um amor de palha, sem fogo,

Que passou logo,

Foi rima que não vingou,

Nem houve explosão.

Foi só uma pequena centelha

Que sem ar para a combustão,

Não levantou chama vermelha.

Agora que só restam as cinzas,

Deixemos que o vento as leve,

Seriam momentos breves

Que não nos saciariam...

Dele,

Só uma labareda ardeu imensa,

Ficando horas suspensa

Quando pusemos fogo, enfim,

Em nossos poemas de amor, por fim.

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