Um Pouco de nada

Um pouco de nada é o que me completa na escuridão

Estúpida e incógnita que me faz dormir sobre as pedras de algum artista ruim

Mas não há artista ruim sem obra ruim

Quem somos nós para contemplarmos o dia e a noite?

Somos a casa de névoa que se abate em corpos duros após o beijo bandido...

Mesmo que seu beijo não seja augusto, nem dos anjos

mas seja do escarro

Um pouco de nada na taça do meu corpo e tudo bem.

Quem foi que disse que Deus está vivo?

Onde estão as festas de morte que começam antes mesmo de serem concluídas?

A amplitude de um nada é a amplitude de um livro que se fecha sem ao menos ser devorado por rostos carcomidos pela raiva de ter raiva...

Me resumo no nada...

Sou a casa vazia

a tela sem pintura

sou o óbvio rígido e sem cor

sou um mundo mundo sem mundo.

Até quando vou ler a poesia dos meus dedo doídos por um idéia que não é mais tão real?

Existem leis que me consomem e uma dor me eleva:

A dor de ser um ser humano real e desprovido de bens

e bons materiais...

Sou carne lavada da carne da sua mãe

Sou água jorrada da água do peito de um ser natural

Sou boca nascida da boca de quem grita fera!!!!

Um pouco de nada para mim é o suficiente.

Pelo menos até na hora em que eu estiver triste e morrer afogado em meu vômito.

Valdson Tolentino Filho
Enviado por Valdson Tolentino Filho em 02/11/2005
Reeditado em 18/04/2007
Código do texto: T66614