SAUDADE.


Saudade belisca 
o peito,
com o bico do desatino,
faz chorar o homem velho,
como chora um menino.


É faca que corta calada,
faz um buraco invisível,
deixa tudo atrapalhado,
no pobre que está ferido.


Faz das noites um absurdo,
deixa a cama com espinhos,
o travesseiro vira pedra,
o ar vai lhe escapulindo.


Enquando o pobre se estrebucha,
pensando até em se matar,
a saudade vem crescendo,
como as ondas de um mar,


Bate no peito do coitado,
que de tanto afobado,
logo se coloca de pé,
vai logo abrindo a janela,
olhando o céu estrelado,
fica bem mais sossegado,
tentando se reerguer.


A saudade então se afasta,
não quer que o sujeito morra,
recolhe no seu recanto,
faz o moribundo reviver.


E quando ele se vê curado,
a saudade se aproxima,
acorda suas lembranças,
remexe nos seus quardados...


Faz ver o laço de fitas,
lhe traz o vestido ramado,
poêm na boca o beijo molhado
que o coitado não deu.


Crava de novo o punhal,
fica olhando o sangue escorrer,
a saudade então delira,
ao ver o quase morto contorcer.


Antes do ultimo suspiro,
a saudade se retira,
deixando-o a suspirar,
transpirando em delírio.


Saudade é pedra pesada,
nos ombros de quem ama,
deixa a cama com espinhos,
coloca pedras no caminho
de um coração doente.


















 
Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 01/06/2019
Código do texto: T6662506
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