DIÁLOGO OCULTO.
Vida , vida minha,
de tudo que me deste,
quardei o essêncial,
este quadro de São Benedito
quieto na parede,
esse pé de arruda
no vaso de barro,
o par de botinas
de couro de búfalo,
este amor imenso
que me olha com olhar
de eternidade,
não reclamo de nada,
sei que nada posso
exigir de ti...
sei que sempre
está ao meu dispor,
como essa caneca
esmaltada
com três dedos
de café amargo,
Dê-me a certeza de
poder olhar
aquela formiga
que tenta arrumar a vida
entre a grama seca,
quer castigar -me, castigue...
te pedir, jamais,
sou grato a tudo
que me deste,
inclusive essa dor de amor
que me guia,
me corta, e me ilumima,
porque o homem sofre
e gosta de sofrer,
é no sofrimento que ele se ajeita
para seguir vivo...