TRÊS SUBMISSÕES
I.
Ponho toda a força possível nos meus versos frágeis.
Sobra nada para enfrentar o mundo que me rodeia.
Em você — e no seu sorriso cheio — escoro a areia
suja da minha caverna. Tudo é um tempero aromático
de hortaliças: me submeto ao frescor das suas carícias.
II.
Tantos ais se deram no mínimo e no máximo que puderam.
Fomos muito. Fomos poucos. Fomos fundo. Fomos cegos.
Em você — e no seu colo quente — flutuo sobre outra terra
no paraíso da poesia. Tudo são poemas na órbita do poeta
quase livre: me submeto ao seu espólio. Sou seu almoxarife.
III.
Debruçado no batente da ventania da janela. Ouço o gume
do vento jovem que sobe pela espinha, calo por calo, curva
por curva e destila o absinto elétrico dos desejos primitivos
entre o corpo duro e o seu dialeto. Tudo é carne, óleo e grito
no açúcar do precipício: me submeto aos ossos do seu ofício.