DION LENO
Comprei um belo cavalo
Pensando que ele fosse
Um autêntico Alazão
Troquei-lhe as ferraduras
Arriei e lhe dei feno
Batizei-o de Dion leno
Depois fomos cavalgar
Campeando sem destino
Subimos pelas colinas
Sob o sereno dos ventos
A bailar em suas crinas
Ao chegar ao pé do topo
Apeei pra descansá-lo
Me sentei num velho toco
E dei água ao meu cavalo
Pouco depois dessa hora
Dessa tão pouca demora
Calcei meu par de esporas
Montei, e fomos embora
Bem logo ali à diante
Na beira do meu caminho
Encontrei linda morena
A colher belas amoras
Parecia uma princesa
Sobre o chão desse vergel
Mas era uma camponesa
Com belos olhos de mel
Num estalo então parei
Só mesmo pra admirá-la
E o que jamais pensei
Pude ouvir de sua fala
Contrariando meu embalo
Disse-me a bela menina
Oh seu moço, o seu cavalo
É um charmoso Campolina
Inda com as rédeas na mão
Fui matutando sozinho
Seguindo o mesmo caminho
Sem mudar a direção
Daquela moça sincera
Arrasto a recordação
Pois tudo que me dissera
Mexeu com meu coração
Já não entendendo nada
Resolvi mudar de chão
E segui por outra estrada
Pra não perder a razão
Porém um pouco a frente
Deparei-me c' um vaqueiro
Tocando o seu berrante
Sob as abas dum sombreiro
De repente me parou
Com sua fala me amargou
Dizendo que eu montava
Um formoso Manga-larga
Após tudo que escutei
Cavalgando nessas trilhas
Até eu mesmo pensei
Que o meu cavalo fosse
Um belo quarto de milha
Mesmo com todo o abalo
Inda que eu não merecesse
Não deixei que percebessem
Que estivessem enganados
Com a raça do meu cavalo
Comprei um belo cavalo
Pensando que ele fosse
Um autêntico Alazão...
Autor: Valter Pio dos Santos
08/Jun./2018