Quero meu AMH com todos os As

Porque é moenda também é silo a palavra,

escrever e ler poesia é exercício de corte costura.

Um verbo solto projeta sombra em movimento

no espelho líquido da inconstância,

suas cores tingem a aurora

e a aurora tinge minhas mãos

de um rosa florido sobre as cinzas da euforia.

Onde ficou a força da última paixão inesquecível?

Essa velocidade cruel das mídias não estabiliza

o salto dado pelo meu verso; desisto, logo sinto.

É no papel que rascunho alvorecer o inesperado.

De mansinho amor ocupa lugar e faz esquecer.

O que jamais retorna está posto, novo de novo.

O ser é véspera, obra interminável à espera de alívio,

quem tem na mão uma rosa que atire a primeira cor.

Quero meu AMH com todos os As,

repleto, completo - do silêncio a flor.

Que as flores encham os olhos de beleza

e nos dê a satisfação de que o cuidado valeu a pena.

*

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Baltazar Gonçalves

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 12/06/2019
Reeditado em 14/06/2019
Código do texto: T6671103
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