PONTO DE VISTA
Despojado vejo parcialmente a dança da cortina…
Ela vai, roda, bem e volta quando o seu bege varia
de acordo com o raio que a ilumina. Meço a porta
e o ângulo que reflete coisas no branco gelo do óleo.
A cortina vê o poeta deitado, entretanto não o rosto
coberto pelo telefone. Nota as pernas muito inquietas
de quem trava uma batalha entre os olhos e o cérebro
a fim de decodificar a linguagem elétrica dos neurônios.
A câmera é de 360°. Os dois se fitam no meio da tarde vazia
de vontades distintas: um quer o vento e o outro a ventania.