Máquina

a estrada fatia o coração

gasta como sola de sandália

rói o amor, rói a juventude

afasta o pai

a mãe e o filho

lá na frente

o que anda

não é mais gente

em casa

não abraça nada

cansado não sonha

de pé não se despede

não beija

não deseja

nem agradece

curvado com o peso

do buraco vazio

que tem no peito

segue a caminhada

repetido

objetivo

sem sorriso

sem lágrima

máquina.

Antonio Sales
Enviado por Antonio Sales em 18/06/2019
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