Máquina
a estrada fatia o coração
gasta como sola de sandália
rói o amor, rói a juventude
afasta o pai
a mãe e o filho
lá na frente
o que anda
não é mais gente
em casa
não abraça nada
cansado não sonha
de pé não se despede
não beija
não deseja
nem agradece
curvado com o peso
do buraco vazio
que tem no peito
segue a caminhada
repetido
objetivo
sem sorriso
sem lágrima
máquina.