MEU PRIMEIRO POEMA SEM RIMAS
Quando um dia tua lágrima
Cair por minha derradeira causa
Tentando fertilizar as flores semimortas
Que ornamentam a minha carne final
Não faltará quem te dedique
Um afago e um sorriso
Para compensar as dores
Do meu convívio e de minha partida
E quando os nossos tesouros, filhas,
Crescerem na bênção da Misericórdia Maior
E puderem lembrar se que lhe dedicamos
Paciência, amor e limites,
Certamente as memórias
Do nosso encontro terreno
Farão-lhes orgulhosas de as havermos gerado
E se um dia, do outro lado
Nos encontrarmos para a festa
E nossas almas inebriadas vejam, em êxtase,
Num magnífico fazer de conta que é surpresa
Todos os anjos a nos pregarem uma bela peça:
Um belo coro de toques, vozes e palmas
Cantando a amizade que sempre, desde aqui
Com eles mantivemos.
Seremos juntos outra vez, quem sabe,
Para um recomeço de tudo.
(Viajando - Recife/PE, 03/12/2001 - Estação Metrô)