TRÊS NOVES

I.

Vejo meios-dias escuros ao redor da tarde nova,

meias-noites acesas sobre o templário das horas.

As estrelas escondidas ainda gerenciam o ontem

que passou e não repete o ocre daquele horizonte

agora arquivado: noves fora o temor, eu sou o pecado.

II.

Às quinze é o instante invertido, onde o vento muda

de rota e desvia do muro de fundo, em cima da curva.

O meu verso não sabe o que quer na sala de espera

do poema. Ouço os ruídos. Sinto a nuvem leve do éter

agora dominante: noves fora o pó, eu sou o tranquilizante.

III.

A tarde frita no frio as asas pretas. A farofa na esquina

e o alguidar na poça do dendê caído. Conjuro as preces

que não conheço, mas aprendo na corda bamba da goela

da vida. O acetileno do ocaso dilui o camomila da linha

agora desaparecida: noves fora a chegada, eu sou a partida.