Fogão à lenha


Tenho fogão à lenha,e aceso ,só pra caldos a panela de ferro!
Esse viver sempre e nunca e que traz uma morte secreta,rói as coisas,
E as coisas doem,são sequiosas,tem sementes toscas a germinar;
Têm palavras menos nobres pra poemas, e sonetos também sequiosos!!

E reintegro,quintal de fundo,perto de riacho,fogão à lenha,
Como se o mundo inteiro se visse nele,suas antigas formas,cozer,
Café de bule,galinha caipira e caldo verde,e feijão tropeiro;
Assáz em seus atavios,mil sonetos queimados nele e dele ,e o que quiz!!

Hoje ,faz parte notícias humanas,há de pungir Dona Sinhá,eu um poeta
Aflito,poesias de princípios ,outras regionais sempre ao lado do fogão!
Crepita o carvão,faço um poema muio mais duro,pouco nobre,
O que há de rude,há de extremo, o que crepita lenha de jacarandá,e cedro;
Esses ráptos da vida,essa recusa de sair e ver mundo,me apavora,
Poeta que sou,farei caldo de peixe ,e uma outra forma de amar você!!

Aflito o coração,demandas da vida! Nessa louca nostalgia,dou mão,
Faço galinha gariroba e feijão,e no papel de pão,faço soneto muito mais
Velho,mais torpe ,mais pudico,esse chão o conheço,bradei ,podei,plantei;
As coisas naturais de repasto da alma,essas não acabam nunca,mais lenha,
Não perco de olhar ,de um carinho preso perto do fogão,notícias humanas,
As coisas gastam,meu bem,feijão tropeiro já vem,delícias combinadas !!



       (Dedico esse poema ao Mestre Jacó Filho )
MaisaSilva
Enviado por MaisaSilva em 27/06/2019
Reeditado em 27/06/2019
Código do texto: T6682633
Classificação de conteúdo: seguro