Abandonados

Soluce opróbrio, o selvagem lamento

Entre nuvens vermelhas do infinito,

Entre os males de súbito tormento

Co´as pupilas veladas no conflito.

Incandesça as cores da flor sivestre

Que adorna a Eternidade com pureza,

Martelada na férrea cruz terrestre

Luzindo a negra veste da grandeza.

Deixe que chore a lágrima ferida

Dos astros que desconhecem o abismo,

Deixe cantar a estrofe arrependida

Contemplada no lume do egoísmo.

Erga as visões ante a tenda do Eterno

Como um fel obscuro e o vento mutável

Estraçalhado num maldito inverno

Que engedra o altar da luz intocável.

Geme o lume nos caules eriçados

Às mandíbulas da feérica treva

Relegando seus corpos condenados

Em desolada sombra que se eleva.

Sob pranto as águas doces emergiram

Os sussurros lascivos da existência,

Da sagrada trindade sucumbiram

Para a sufulrosa onda de candência...

Marquês Louback
Enviado por Marquês Louback em 25/09/2007
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