Abandonados
Soluce opróbrio, o selvagem lamento
Entre nuvens vermelhas do infinito,
Entre os males de súbito tormento
Co´as pupilas veladas no conflito.
Incandesça as cores da flor sivestre
Que adorna a Eternidade com pureza,
Martelada na férrea cruz terrestre
Luzindo a negra veste da grandeza.
Deixe que chore a lágrima ferida
Dos astros que desconhecem o abismo,
Deixe cantar a estrofe arrependida
Contemplada no lume do egoísmo.
Erga as visões ante a tenda do Eterno
Como um fel obscuro e o vento mutável
Estraçalhado num maldito inverno
Que engedra o altar da luz intocável.
Geme o lume nos caules eriçados
Às mandíbulas da feérica treva
Relegando seus corpos condenados
Em desolada sombra que se eleva.
Sob pranto as águas doces emergiram
Os sussurros lascivos da existência,
Da sagrada trindade sucumbiram
Para a sufulrosa onda de candência...