TEMPO CARAMELADO

Meu tempo já se disse imberbe,

já se disse escancarado, já se disse cariado.

Meu tempo já se fez farsante,

já se fez encardido, já se fez arrebatador.

Meu tempo já se disse rebanho,

já se disse escasso, já se disse prenho.

Meu tempo já se quis livre, já se quis alforriado,

já se quis Deus.

Meu tempo já se traduziu condenado,

já se traduziu hibernado, já se traduziu repleto.

Meu tempo já se buscou reinado, já se buscou amamentado,

já se buscou exilado.

Meu tempo já se pensou rocha, já se pensou nada,

já se pensou mulher.

Meu tempo já se indagou perplexo, já se indagou

iluminado, já se indagou corroído.

Meu tempo já se encantou lindo, já se encantou

orgulhado, já se encantou invejado.

Meu tempo já se flertou voraz, já se flertou

malabarista, já se flertou ladrão.

Meu tempo já se arrematou vencido, já se

arrematou estarrecido, já se arrematou traído.

Meu tempo já se pariu enrijecido, já se pariu

enfeitiçado, já se pariu calado.

Meu tempo já nasceu puído, já nasceu

caramelado, já nasceu aplaudido.

Meu tempo já se flagrou gozado, já se flagrou

envelhecido, já se flagrou maravilhado.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 28/06/2019
Reeditado em 28/06/2019
Código do texto: T6683473
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