Remendos intermináveis

Tenho pedaços de panos guardados

Preparados para serem remendados em mim,

Amanhã,

Quando o sol tornar a nascer;

E na minha sede por água limpa e fresca,

Na corrida desesperada por alimento,

Me rasgar, deixando pedaços incompletos para trás.

Não que goste de me rasgar, mas há caminhos difíceis de evitar.

Trago alguns pedaços de retalhos, que não combinam com as minhas vestes originais,

Mas servem para tapar buracos;

Escondem os rasgos que demonstram, com seu estrago, o desespero na corrida.

Não é bom parecer desesperada.

Embora a necessidade nos coloque pé frente pé na embolada pressa de chegar.

Não é bom parecer ofegante, inquieta;

Mas não é bom pra quem olha de fora

Mas age igual

Como se fosse proibido o saber

E ainda assim não o impedisse de acontecer por debaixo dos panos.

Carrego comigo pedaços de tecidos,

Guardados para uma serventia próxima

Mesmo já sabendo o caminho, as cercas, as pedras;

O curso das águas me levam pra lá;

Não há como desviar.

Arrisco-me nos rasgos necessários para me matar a sede