NOITE DE TEMPESTADE

A noite escura.

O vento forte.

A chuva intensa.

A trovoada.

O céu rasgado por riscos de luz,

A que se segue uma voz trovejante,

Severa e zangada,

A ralhar com o mundo.

O som da chuva a bater na vidraça.

O silvo do vento a penetrar pelas frestas.

Os elementos em fúria a fustigarem a terra,

E a amedrontar as gentes.

Os corações apertam-se,

Os corpos encolhem-se.

Está criado um cenário de medo.

Será?

E se fosse antes um cenário de sonho?

Não há nada tão belo

Como a natureza

A gritar poderio,

Enquanto o homem,

Na sua fraqueza,

Treme e receia.

Uma voz meio sumida

Balbucia assustada:

-Que noite medonha!

E eu, fascinado

Discordo e sorrio.

Então contraponho:

- Que noite tão bela!