Acumulando dívidas

Tenho contas a pagar

E nem sei pra quem

Mas a espera do cobrador

Sempre fico

Vez ou outra colocando

A cara na porta

Pra ver se ele vem chegando

Devo uns 20 favores

Negados

Umas centenas de horas dormidas

Bem dormidas

Devo a mim por ser impaciente

Exigente de mais como os passos dados

Perfeccionista a ponto de se refazer milhares de vezes o bordado

Machucando o tecido

Suando e deixando-o manchado

Devo ir para pagar

Ou ficar para espera a cobrança

Devo voltar e cobrir a criança

Que devo cuidar até ela aprender a se virar

Devo virar as costas para as tentações dos bares da esquina

Que me ajudam a perder

Às horas e a dignidade

Devo parar

Jogar os meus pés dentro de uma água morna

E relaxar

Mas deveria não parar

E continuar andando de um lado para o outro

Reclamando do sossego

E do relógio preguiçoso

Devo me importar com a vida que escorre

Ou me jogar para escorrer com ela ?

Decidindo...

Devo para alguém a minha ,

O meu sentido,

A minha guarda.

Devo segurar a própria barra, tirada

E soprar meu próprio olho tomado de areia

Devo seguir sem reparar na telha

Que cobre a casa de quem mora ao lado

Devo pagar por cada passo mal dado

Como justiça

Ditado por quem vem buscar quem junta dívidas.

#carolescrevendocoisas