Cinco passos

Cinco passos para chegar ao abismo

Para enxergar do alto

As carcaças dos sonhadores

Que, como eu, daqui foram jogados

Nessa escuridão sem fim

Onde não existe alma

Nem velas, nem orações

Apenas o som sibilante do vento

A cortar o tempo

Declarando morta a humanidade

As mãos sujas, os cabelos

O corpo doente, cansado

Os pés sangrando, misturam-se

À poeira, ao barro, às pedras

Atrás uma multidão de desvalidos

Arrastam-se, sem medo

É o fim, mas ninguém teme

Cinco passos e acabou

Esse tempo, real ou não

Não permite definição

Ele existe enquanto caminhamos

Enquanto permanecermos

À beira do abismo

Rafaela Alonso
Enviado por Rafaela Alonso em 15/07/2019
Código do texto: T6696354
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