Bálsamo da solidão

O quarto vazio

O som incessante

Da máquina a escrever

Forjar uma realidade

Paredes amareladas

Caminham a sufocá-la

Lá fora, passos ritmados

Motores, e a chuva

Cheirando à novidade

Cá dentro

O velho mofo

Música antiga

Repetida à exaustão

Dedos nervosos

Desabam sobre as teclas

Cigarros molhados

Vêm à boca seca

Para então caírem

Destroçados

Cinzas do dia

Cada vírgula sôfrega

Debocha no papel

Dos pontos esquecidos

Dor, cansaço, euforia

Bálsamo da solidão

Ao chegar o sol

Rasteiro pelas entranhas

Não há fim, é certo

Um breve pulsar

Um respirar

E o recomeçar contínuo

Rafaela Alonso
Enviado por Rafaela Alonso em 15/07/2019
Código do texto: T6696357
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