Manchas nos pés
Acho que posso ver meu reflexo
Se olhar bem para meus pés
Em cada pedra que topei
De cada passo que andei
Não por acaso os vejo em fragmentos
Não não sou esse tipo de esquizofrênico
Mas sou composto de vários cacos entremeados
Onde melindre se perde em âmago
Coerência em meandro
E no final tudo parece primavera
Talvez seja porque sou muito novo
Trato para que meus olhos se surpreendam sempre de ver o novo
Mas não
Não sou nem de perto o mais sábio
Talvez só um andarilho ferido
Que mal saiu de casa
E já cortou os pés
Se não for forte me despedaço
Aí olharia para cada reflexo meu no asfalto
Uns em sépia outros digitais
Não sei quais são ou não reais
Por certo todos devem ser
Enquanto eu acreditar que são
Por fim vou olhar de novo para meus pés
E ver como cada calo mudou meu deâmbulo
Para no final
Ter que a aprender de novo não a andar
Mas dançar para meu próprio recital