Schubert e a diva
Emocionado o piano inicia nas teclas ávidas
a serenata de Schubert.
A pianista desenvolve o lume ululante
porque sob a lua a canção mais se aprofunda.
A minha bela é um sereno brasileiro.
Oh sim, oba, lá vem ela
douta germânica no cimo
da teoria musical. Coso os rouxinóis
de trinos lacerados como eu.
Sereno a serenata espécie de verdugo
mas sou sim lava fendida.
Na secessão do respiro afoito vou
lá, mais cá, aqui no curso dos
orvalhos que sonham e topam
o cricrilar da paixão.
Me rendo ante a Áustria feminina.
Schubert, lume ululante, fundo
vou deslindar o anil merencório
porque visto um cancioneiro e
convalescente quedo na linda
letra que me lamenta serenado.
A pianista de cabelo amarrado preto,
enlutada (deduzo), porém a música
tem a foz em mim. A voz da diva
irriga infindável e quero saltar ali
solvido por ela. Sou bravio singrado
no sangue de Schubert que não vê
o meu breviário: a serenata
ao piano, as mãos cantarinas.
Acima de tudo a diva.
O canto é meu espanto de poeta.
Schubert, lume ululante, fundo
vou deslindar o anil merencório
porque visto um cancioneiro e
convalescente quedo na linda
letra que me lamenta serenado.
A serenata (lá vem ela) é o
espanto que me ata.
A serenata de Schubert.
A serenata dela.
Emocionado o piano,
a cantora me aprofunda.