Schubert e a diva

Emocionado o piano inicia nas teclas ávidas

a serenata de Schubert.

A pianista desenvolve o lume ululante

porque sob a lua a canção mais se aprofunda.

A minha bela é um sereno brasileiro.

Oh sim, oba, lá vem ela

douta germânica no cimo

da teoria musical. Coso os rouxinóis

de trinos lacerados como eu.

Sereno a serenata espécie de verdugo

mas sou sim lava fendida.

Na secessão do respiro afoito vou

lá, mais cá, aqui no curso dos

orvalhos que sonham e topam

o cricrilar da paixão.

Me rendo ante a Áustria feminina.

Schubert, lume ululante, fundo

vou deslindar o anil merencório

porque visto um cancioneiro e

convalescente quedo na linda

letra que me lamenta serenado.

A pianista de cabelo amarrado preto,

enlutada (deduzo), porém a música

tem a foz em mim. A voz da diva

irriga infindável e quero saltar ali

solvido por ela. Sou bravio singrado

no sangue de Schubert que não vê

o meu breviário: a serenata

ao piano, as mãos cantarinas.

Acima de tudo a diva.

O canto é meu espanto de poeta.

Schubert, lume ululante, fundo

vou deslindar o anil merencório

porque visto um cancioneiro e

convalescente quedo na linda

letra que me lamenta serenado.

A serenata (lá vem ela) é o

espanto que me ata.

A serenata de Schubert.

A serenata dela.

Emocionado o piano,

a cantora me aprofunda.

André SS
Enviado por André SS em 21/07/2019
Código do texto: T6701031
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