INVASÃO
O paraíso foi feito de um grito no horizonte,
antes que a cruz devastasse o coração do homem.
Cravou tão fundo sua pureza sangrenta no chão,
que apenas em língua morta se fez uma oração.
Ordene-se a invasão,
onde morrem todos, ou vão todos à escravidão.
O delírio da natureza
é tinta desonesta em gravura de salão.
Ou morrem todos, ou todos à conversão,
porque Deus é o pai da feiura,
que fez estéril o rio que corta esse chão.
E da mesma raiz que se fez a violação,
salva-se a alma por algumas moedas e oração.
Um desespero que ficou calado no pranto,
não se vê sob vergonhas que foram cobertas.
Isso não é nação.