INVASÃO

O paraíso foi feito de um grito no horizonte,

antes que a cruz devastasse o coração do homem.

Cravou tão fundo sua pureza sangrenta no chão,

que apenas em língua morta se fez uma oração.

Ordene-se a invasão,

onde morrem todos, ou vão todos à escravidão.

O delírio da natureza

é tinta desonesta em gravura de salão.

Ou morrem todos, ou todos à conversão,

porque Deus é o pai da feiura,

que fez estéril o rio que corta esse chão.

E da mesma raiz que se fez a violação,

salva-se a alma por algumas moedas e oração.

Um desespero que ficou calado no pranto,

não se vê sob vergonhas que foram cobertas.

Isso não é nação.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 21/07/2019
Código do texto: T6701329
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