Não Sou Pássaro, Sou Flor

Hoje me perguntaram

Se caso tu me procurasses arrependido

Por teres ido embora

E jogado fora

Tanto amor sem nem tê-lo vivido

Eu perdoaria

Mas a pergunta eles erraram

Tu já foste perdoado, só não sei se te aceitaria

Tu chegaste como sol

Enquanto no peito nevava

Eu me tornando fria

Me fizeste sentir amor

Para depois de deixares o teu cheiro no meu lençol

Roubares minha alegria

Deixando tanta dor

Onde já sangrava

Nunca amei ninguém como a ti

Sentimento que sobrou no peito roto

Tantas coisas que podias ter sido

Escolheste ser logo escroto

Para ser sincera, não sei se ainda tens lugar aqui

Antes lembrando de ti os olhos brilhavam

Lembro de como nossos corpos e olhares se encaixavam

Porém hoje meu semblante fica entristecido

Se disser-te que não sinto mais nada,

Creias: é uma mentira deslavada

Mas não posso permitir

Que me bagunces outra vez

Sem intenção de me ajudares a arrumar

Tu sempre serás meu eterno talvez

Mas eu não posso mais te amar

O amor que senti por ti era de devastar

Amor intenso assim

Eu só encontrei num lugar

Era aqui dentro de mim

Quando jogaste fora, eu corri a pegar

Desde então tenho aprendido a me amar

E estou aprendendo o meu valor

A ficar longe de canalhas

Tampouco aceitar migalhas

Que não sou pássaro, sou flor

Posso até não ser ser flor para se cheirar

Mas sei que sou para adubar, regar, podar e cuidar

Quem não dá conta, que nem tente plantar

Sou frágil, delicada, não sobrevivo em qualquer lugar

Porém também sou cheia de espinhos

Que servem para me lembrar

Que antes se proteger e ficar sozinho

Do que permitir ser tocado por quem vai te quebrar

Ddsa Carvalho
Enviado por Ddsa Carvalho em 23/07/2019
Reeditado em 23/07/2019
Código do texto: T6702318
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