DESENCANTO

Abrem-se as persianas da alvorada

dando entrada ao sorriso do amanhã.

Uma aura de alegria, ingénua e sã,

vem reunir a esperança tresmalhada.

Víbra o eco de passos na calçada,

caudal de sons a matraquear o afã

de alcançar a quimera por que tan-

tos tombaram no asfalto desta estrada.

Embalo-me no abraço deste vento

e parto, em flecha, de olhos no horizonte,

direito à fúria da manhã. Mas triste

foi acordar envolto em desalento

sem ver o Sol escorregar do monte…

Ó madrugada, sempre me fugiste.

CARLOS DOMINGOS
Enviado por CARLOS DOMINGOS em 03/11/2005
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