Auto-retrato.

Quando me descrevo – com linhas tortas-

Por vezes me faço mocinho,

sempre cheio de ética e amor no peito.

Por vezes me faço vilão,

com muito orgulho e vingança nos olhos.

Sei que é desta briga interna que sai a minha máscara,

aquela que uso enquanto mostro e escondo o que de veras sou.

Umas poucas vezes me fiz vazio,

olhei por dentro, tentei me descrever.

E um silêncio branco era tudo que me preenchia.

Nessas – raras – vezes

peguei lápis de cor e me pintei

sem me desfazer do mocinho e vilão,

misturei tudo, peguei uma moldura e pendurei

Este era – e sempre foi - o meu verdadeiro auto-retrato.