DESASSOSSEGO
Senti-me entediada o dia todo
Sentia falta de algo
Uma presença que não estava
Um querer que alimentava
Fazendo doer a alma
Um suave perfume
Atingiu as minhas narinas
Provocando arrepios
Um, quase toque na pele
Mas o dia, estava tão apático
Do lado de fora da vidraça
Não havia luz, céu cinza, frio
Flores murchas e um nada
Do nada, que havia, invadiu-me
Caminho no meu casulo secreto
Tecido, com rendas do nosso amor
Onde as cortinas do tempo
Cerraram-se para sempre
Num gesto de delicadeza
De agradecimento aos céus
Isolando-me, do mundo lá fora
Uma canção sofrida ao longe
Distanciando cada vez mais
Em respeito ao meu desassossego
Calou-se, para sempre
Deixando-me adormecer
Num canto, sem canto
Sem risos
Sem esperanças
Sem mim!