buraco negro

a boca sobre o copo

emudece a face

que se faz e refaz

em fuga fugaz

pois o etílico torce

a pele e a ruga afaga

o semblante mordaz.

doze doses em fases

surge sangue nas fezes

noventa e nove vezes nove

distanciam as vozes

isso não faz sentido

um coração partido

que se reparte em cousas

e em causas perdidas

ainda assim brotam flores

nos lábios que beijam o cálice

e na noite silenciosa e fria

em seus olhos magros

o último estertor anuncia

o rosto tomba sobre a mesa

o corpo tomba...

"Do outro lado há luzes

E conforme se merece

Só nosso corpo padece

Ao carregar tantas cruzes..."

Jacó Filho