Coro de sonhadores

De leveza plumosa

Flutuam de mim

Pensamentos até

O rumo ambíguo

Do dócil vento

Que os transportam

Para bem longe.

Não interrompa

Com protestos,

Apenas espere

Que as palavras

Falem por si

Mesmas sem que

Tenham de relutar

Contra milhares de poréns.

Peço-lhe que

Somente desta vez

Não utilize

A lógica como

O silêncio que

Ameace as melodias.

Pois agora tento

Reconhecer

A afinação de minha voz

Entre infinitas

Idênticas outras.

Caçando minhas

Ondas sonoras

Antes que se percam

E se fadem a serem

Meras contribuintes

A este coro de desamparo.

Enquanto cantamos

Somente aquilo

O que nos é desconhecido,

Fingimos que um dia

Sentimos o que

Escrevemos a ser

Nosso próprio canto.

Deite-se e ouça

Como são declamadas

As frustrações,

Sente-se e preste

A atenção merecida

Em como fluem

Suas melancolias

Em perfeitas harmonias.

A plateia é repleta

De ondas e ondas

De críticos dementes

Que fixam-se a encontrar

Razões que propositem

O ápice de suas

Idióticas impaciências.

Mas os sonhadores

Permanecem inatingíveis

Em suas voluntárias

Surdezes e cegueiras

E na habilidade de criar

Seus próprios sentidos.

Até que concretizem

As cores em que

São pintados os devaneios,

Até que perfumem

O aroma que carrega

Flertar com o simples pensar

De tanger a realidade

À sua constância sentimental.

Utilizando da impossibilidade

Como a receita para

Eternizar paixões,

E mesmo assim,

É o espinho mais afiado

Entre a beleza que

Suas pétalas disfarçam.

E numa reverência coletiva

Encerra-se o espetáculo

Ao acordar de seus sonhos,

Deixando-os a absorver

A efêmera lembrança

Que mais intensamente brilha

E que mais rapidamente apaga.

Daniel Yukon
Enviado por Daniel Yukon em 11/08/2019
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