MEU GOZO, MEU ALGOZ

Ela apetece, aflige

afugenta poréns

destemida a dor.

Ela cambaleia ventos

desnuda apatias

ronrona devaneios.

Ela entorna o medo

crisma venenos atrozes

acode quando o sangue morre.

Ela entende dos vãos escorridos

sabe das verdades mancas

conhece cada cilada oca.

Ela ascende no torpor da fé

destila falcatruas da alma

acaricia sonhos bandidos.

Ela castiga quando a paz depena

macula o que Deus não abraçou

encanta palavras roucas.

Ela percebe meus rasgos

transcende silêncios infernais

aperreia restos aflitos.

Ela sobrevive às loucuras do dia

vai além dos tropeços da razão

cicatriza cada canto que não vivi.

Ela é meu gozo, meu algoz

meio farsa, meio diva, meio tudo

varanda aflita nos recantos meus.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 14/08/2019
Código do texto: T6719798
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