Sub-heróis
Hoje o herói está sem horário.
Até pra título honorário.
Tem outros afazeres,
Detém podres poderes,
Das cédulas de celulose
Ou já morreu de overdose.
Abduzido, abdicado,
Aliciado e alienado.
Abstraído, obstruído,
Abortado e abnegado.
É o operário oprimido.
É o proletário protelado.
Trocou sua espada,
Pela carteira registrada.
Foi vendido,
Para ficar vendado.
Estupefato, entorpecido.
Ao invés de venerado,
É envenenado.
Corrompido,
Precisa de comprimido.
Vive deprimido,
Pela vida deplorável.
É apenas mera lenda,
Pois faltou-lhe merenda.
Não está em quadrinho,
Está enquadrado,
Encarecido e encarcerado.
Em segredo, segregado,
Usufruído e usurpado.
Despercebido
E desapercebido.
Não está na copa,
Lava copo
E leva tapa,
Na cara, da sociedade.
Não está na capa,
Só usa a capa
De invisibilidade.
Resignou-se ao vilão,
Cansou de lutar sozinho.
Hoje vive em omissão,
Abortou sua missão
Pela falta de mocinho.
[2ºcolocado no Concurso Nacional Novos Escritores - Poesia Inédita 2019 da Clipe Editora]