NÃO SEREI EU
Não serei eu
Enquanto o romper da aurora
Esbravejar sobre meu silêncio
Esse silêncio que cala
O grito que me condena
E corta-me, com navalhas afiadas
Arrancando-me suspiros delirantes
De prazer e dor
Não serei eu, enquanto essa brisa
Soprar em meu rosto triste
Essas lembranças de tão longe
Que chegam, como gotas de orvalhos
Escorrendo de meus olhos
Como lágrimas, que insistem em trazer-te
Em doces lembranças, que não adormecem jamais
Elas, tiram-me de meus devaneios
Num pouso forçado, em que a
Realidade, reclama minha presença
Com golpes doloridos, persistentes
Eles não findam
Eu volto, mas não por inteira
Uma parte de mim
Contigo ficou.