Jogo perigoso

Uma boneca quebrada

Ferida de morte

Juntando os pedaços da sua existência

Nas águas gélidas e turvas, submergi

Sentindo o abraço da morte

Tão esperada...

A consumação em meus ossos

Suspiro de prazer

Observando a cidade de papel queimando

Arrastam-se pelas suas ruas

Grotescas sombras alquebradas

Sonhos e pesadelos labirínticos

Falsos espelhos espalham imagens

Mortiços vapores febris

Sem nexo, sem forma

Subtraem-nos o ar

Jogo perigoso de roubar a alma

Para criar fantasia

Despencar no abismo insano

Um nada, sem cordas

E lá buscar sentido

Perdi a pena depois

Como o cupim roendo as entranhas

De uma velha casa abandonada

Um leve suspirar

Sedimentou a letra para sempre

Rafaela Alonso
Enviado por Rafaela Alonso em 20/08/2019
Código do texto: T6725133
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