À CAPELA

Sou aquela sola a qual nunca se acaba,

a que continua viva e jogada às traças

dos escanteios empoeirados da casa.

Me estico no varal das línguas afiadas,

sob os pisantes dos donos das cocadas,

na rabeira do pernil sem nem uma prata.

Estou aqui no pátio desta selva armada

encoberto pelo caráter aleatório que falha

feito papel de bala chupada. A dose derramada

de cachaça do poeta que não serve para nada.

Escoro a draga do mundo sobre um verso tosco

e blefo neste sonho vivo, mesmo já estando morto.