Suspiros atemporais
Silêncio
É a inquebrável paz
Entre nossos corpos
Mudos e aquecidos
Num compartilhado
Afago de calor.
Proíba os minutos
De apressarem-se
A completar os ciclos.
Use da lentidão
Como o instrumento
Que conserva e cuida
Destas sementes
Recém-plantadas de memórias.
Pois serão embaçados
Por uma umidade amarga
Que afunda seus olhos
Ao perceber que
Não é algo que estará aqui
Quando acordarmos
Na manhã seguinte.
Mas será a inspiração
Tão duradora
Quanto a própria
Eternidade a qual
Incontáveis vezes
Chegamos ao fim
Ao perdermos noção
De que foram coisas
Muito além do efêmero.
Saiba que há
Espaço o suficiente
Nessas paredes
Abandonadas e mofadas
Para escrevermos
A nós mesmos em versos
Que releremos para
Lembrarmos do que
Um dia fomos.
Saiba que não soltarei
Nossos dedos entrelaçados
Em incontestável conexão,
Não desgrudarei de ver
Que me reencontro
Na sua voz que anuncia
As sílabas de meu nome,
E que por devoção,
Soletro as letras do seu.
Cada fração de segundo,
Um retrato perfeito
Que serviria como
A lembrança perfeita.
Cada movimento
Marcado pela
Nossa ambígua
Percepção de captá-los
Em múltiplas alternativas
Interpretadas pela mente.
Estes são nossos chamados
De ecos ininterruptos.
Nossas lágrimas
Desconhecidas de melancolia.
São os suspiros atemporais
Além de tudo o que
Mensuramos como finito.
E este é o ápice
Do que viemos
A desejar
A ascender
Das cinzas
A ser algo
Muito mais
Que versos
De desiludida fantasia.