Suspiros atemporais

Silêncio

É a inquebrável paz

Entre nossos corpos

Mudos e aquecidos

Num compartilhado

Afago de calor.

Proíba os minutos

De apressarem-se

A completar os ciclos.

Use da lentidão

Como o instrumento

Que conserva e cuida

Destas sementes

Recém-plantadas de memórias.

Pois serão embaçados

Por uma umidade amarga

Que afunda seus olhos

Ao perceber que

Não é algo que estará aqui

Quando acordarmos

Na manhã seguinte.

Mas será a inspiração

Tão duradora

Quanto a própria

Eternidade a qual

Incontáveis vezes

Chegamos ao fim

Ao perdermos noção

De que foram coisas

Muito além do efêmero.

Saiba que há

Espaço o suficiente

Nessas paredes

Abandonadas e mofadas

Para escrevermos

A nós mesmos em versos

Que releremos para

Lembrarmos do que

Um dia fomos.

Saiba que não soltarei

Nossos dedos entrelaçados

Em incontestável conexão,

Não desgrudarei de ver

Que me reencontro

Na sua voz que anuncia

As sílabas de meu nome,

E que por devoção,

Soletro as letras do seu.

Cada fração de segundo,

Um retrato perfeito

Que serviria como

A lembrança perfeita.

Cada movimento

Marcado pela

Nossa ambígua

Percepção de captá-los

Em múltiplas alternativas

Interpretadas pela mente.

Estes são nossos chamados

De ecos ininterruptos.

Nossas lágrimas

Desconhecidas de melancolia.

São os suspiros atemporais

Além de tudo o que

Mensuramos como finito.

E este é o ápice

Do que viemos

A desejar

A ascender

Das cinzas

A ser algo

Muito mais

Que versos

De desiludida fantasia.

Daniel Yukon
Enviado por Daniel Yukon em 27/08/2019
Reeditado em 27/08/2019
Código do texto: T6730760
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