DORME POR FIM UM POETA!
Nossa alma mais antiga que a vida na terra...!
Parte pensante da vontade de Deus...
Idealizada para adornar a Santa Trindade...
Ás vezes, perde a vontade e segue
sem saber, porém, onde ir...
Se armazena no falso sorriso,
acredita estar morando num paraíso
e se estribucha na marquize despencada
de alguma sacada, que desconhecia...
Pobre alma que não soube lutar...
Que se entregou ao amor sem pensar...
Reviravoltas e reboliços contempla
e se envolve numa parábola,
dentro das assertivas do tempo...
Por quanto engano, por quanta orgia
pôde caminhar em uma triste poesia...
Esta que é a estampa do que a alma sente...
O poeta, por mais vingidor, não mente,
pois não consegue evitar sua dor...
E nos reboliços da alma ele navega
mar adentro, remando sobre suas dúvidas,
sobre as reviravoltas de sua melancolia...
Afunda na paixão suas estrofes,
retira da própria dor seu alimento,
acabando por sentir seu desalento,
enquanto sufoca o pranto,
na sua confusa tristeza opaca...
Caminha sobre o manto jogado ao mar,
naquele dia em que tudo parecia
que o levava a acreditar...
Que sua poesia merecia mais que um louvor
desse louco coração, que buscava o Amor!
Reboliços e reviravoltas constantes,
são seus passos itinerantes,
rumo, apenas, ao por do sol...
Ali, bem em frente ao arrebol,
o poeta se rende e, à sombra de um baobá,
ele encontra, por fim, a morada do sol...
Ali mesmo ele se queda e docemente
escreve com sangue seu verso triste,
debaixo de um dedo em riste,
que lhe aponta um pálido luar...
Fim da cantiga e do reboliço d'alma...
Dorme, poeta, tudo agora é calma...
É doce teu canto, tua dor já passou!
Nos braços da lira tua alma voou!
(às 11:49 hs do dia 29/09/2007)