Quem deseja morrer?
Quem deseja morrer?
Se eu pudesse, teria vida infinita,
correria nos campos
e deixaria o vento tocar o meu rosto
como se fosse sempre a primeira vez.
Nem sofreria,
tão pouco permitiria que os meus olhos chorassem,
nem marcassem o meu coração
com amores impossíveis,
mas que fosse frágil como o cristal
para fluir da minha boca
os sons da poesia mais sublime.
Quem deseja morrer?
Os dias e as noites passarão como um risco no tempo,
e beberei minhas doses de coragem
para enfrentar a escuridão
quando a dor rebuscar nos meus deslizes
o pior de mim
marcado em cicatrizes
na face humana e mortal do homem
que brinca em ser Deus
quando nada mais é
que um menino assustado pela solidão.