Dá-me tua mão...

I

Dá-me tua mão e entrega-te a mim

Sem sorrisos ou lágrimas ou dúvidas

Dá-me tua mão e junta-te a mim

Olha nos meus olhos com atenção

E verás, então a ti mesmo, mesma, lá dentro

Pois, querido amigo, querida amiga

O indivíduo é uma grande ilusão

Tuas ações e pensamentos criam um mundo

E tuas palavras mudam humores, ou vidas

Pois, cada passo que dás cria um caminho

Cada história que contas cria uma verdade

E cada suspiro teu propaga-se por toda a terra

Pois, querido amigo, querida amiga

Cada complacência tua cria uma miséria

Cada prazer vão teu cria uma necessidade

Cada sorriso que conténs, uma tristeza

E, se não és responsável por toda a miséria

Ou felicidade do mundo, tens tua parcela

Por isso imploro, de mão unidas,

Que unas tuas mãos às minhas

E que, então, te esqueças de ti mesmo

E ouses comigo a mais longa das jornadas

Onde hás de te encontrar com tua essência

II

Pousa tua mão na minha e fecha os olhos

Sinta as batidas do teu coração

E a freqüência com que respiras

Sinta relaxarem-te as pálpebras

E todos os músculos do teu corpo

Ouça com atenção a música, sentindo-a

E, caso não haja música, que cantes

Ousa dar ouvido a teu eu mais verdadeiro

Ousa conhecer tuas mais íntimas vontades

E eu estarei lá ao teu lado, sempre

A te acolher na calidez de um abraço

Sincero, sempre que necessitares

Pois, na verdade, amiga, amigo

O que mais quero que compreendas

É que cada um de nós é uma árvore

Aparentemente frágil

Suficientemente sólida

Mas, na realidade, somos uma só árvore,

Quando buscamos nossas raízes

E descobrimos que todas as raízes se unem

Pois nosso Planeta é um único ser VIVO

E que tudo aquilo que existe

Mesmo que ninguém conheça

É parte fundamental de um todo harmônico

Que nos fundamenta e nos perpassa

E é assim que és um pouco de mim

Enquanto sou um pouco de ti

É assim que compartilhamos desejos

É assim que compartilhamos fraquezas

É assim que dividimos sensações e reações

III

E é assim que tua força encontra

Minha fraqueza fortalecendo-a

É assim que encontras equilíbrio

Em meus momentos de loucura

E é assim que partilhas tua esperança

Quando perco o sentido de minha vida

É por isso que peço o calor da tua mão

Pois já não me é permitido viver

Sem a parte de mim que te pertence

Pois a tua felicidade está no outro

Pois não é possível a felicidade de um só

Pois a felicidade é a harmonia de um todo

E não me é possível ser feliz

Vendo alguém triste

E não me é possível rir

Das lágrimas de outra pessoa

E de nada me vale a glória

Diante da miséria de um semelhante

E o amor - caso alguém te pergunte -

É essa força que nos une a tudo

A todos os seres e a todas as coisas

É a voz de nossa alma (nossas raízes etéreas)

A inspirar-nos a consciência de nossa verdade

Impelindo-nos em direção ao outro,

Que está dentro de cada um de nós,

E à nossa própria essência que podemos

Encontrar no âmago de nosso próximo

D.S.