O Olho Mágico

A batida na porta me transporta para a porta.

Quem é?

Com uma piscada de olho, olho no olho e vejo todo um corpo sem resposta, me olhando sem me ver.

É o olho de vidro que de tão pequeno me faz ver grande, como uma lente de aumento que com um olho me deixa ver todo um corpo sem resposta, mas com um esforço extremo levanta a mão e bate na porta outra vez.

Quem é?

Não há resposta, então me transporto de novo para o olho de vidro e olho pelo olho o corpo que não responde.

Sem resposta não há mágica que me faça abrir a porta, pois o corpo que vejo pelo olho de vidro eu desconheço, e abrir a porta sem resposta não há mágica de olho mágico que me faça abrir.

Quem é?

Eu!

Eu quem?

Eu!

Esse Eu que eu não sei quem é vai ficar ali esperando.

Esse olho mágico não faz magia e eu não sei quem Eu sou, então esse corpo do Eu vai ficar ali esperando esse eu que sou eu para sempre, pois eu não vou abrir a porta.

Assim me transporto para onde estava antes da batida na porta e deixo para trás o olho mágico com o Eu que eu não sei quem é.

Escuto passos que vão se distanciando e depois não escuto mais nada.

Foi-se o Eu e ficou o olho mágico a espera da próxima batida na porta.