Doce Ilusão

Os ponteiros do relógio

desfilam sem parar

por lágrimas descaradas,

risos escancarados

que teimam em incomodar.

Calçadas machucadas

alongam-se a observar

passos rápidos,

sofridos

tentando trafegar.

Não somos

o que já fomos,

o tempo não é também.

Por que atrasar relógios,

se não nos traremos de volta

e nem a mais ninguém?

O tempo fotografa dias

que a lembrança quer guardar

em um cantinho da memória

_ repleto de aflorar _

brincadeiras, fantasias...

cores vivas a cantar.

Doce ilusão

de quem se quer resgatar

da maneira que foi ontem,

se o ontem a se afastar,

leva consigo quem fomos

para nunca mais voltar.

Cláudia Duarte
Enviado por Cláudia Duarte em 12/09/2019
Código do texto: T6743389
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