Canto
CANTO
No pio longo e comovente
a mais perfeita lírica noturna:
a noite aumenta e aumenta a escuridão,
tecendo as horas,
o canto soturno da coruja,
guardando os que estão em solidão,
aguardando em espera intercalada
de expectativa na polaridade escuro-claro,
nas caladas da noite se afundando,
se calando de repente se amanhece
e amanhecendo, manhãzinha, dorme
arrastando o pio
que sonoro corta o céu de nuvens e estrelas,
entrelaçadas em mesclado mágico
de céu com nuvens, com estrelas e com lua.
Corta estilhaçando a alma dos medrosos,
acompanhando as pessoas solitárias,
os insones que procuram o sono
e transformam em sonho de criança
a canção de ninar do pio da coruja.