O grito

Na primeira vez ouvi tua voz

A dizer palavras que não queria ouvir,

Na segunda, o silêncio teu a gritar meu nome,

Apenas eu ouvia o que de ti saia.

Passaram-se uma, duas, três horas

Eu passei e tu também passaste.

Na terceira vez ouvi teu toque a dedilhar meu corpo,

A tentar descobrir os detalhes dos meus silêncios,

Na quarta, eu fiquei enquanto teu corpo partia,

Apenas nós sem o que de nós havia.

O relógio parou às 17h,

Nós dois também paremos em corpos que não nos pertencem.

Na quinta vez, voltamos ao início,

A tentar remediar feridas, partidas

No fim, teu corpo noutro corpo, o meu a te esperar

E certezas brandas de saber de coisas que não queria ouvir.

Gilson Azevedo
Enviado por Gilson Azevedo em 16/09/2019
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