Nada Muda!!!

Vejo muitos por aí,

dizendo-se poetas,

que antes só aqui,

que escutar-lhes as petas.

São só fogo-fátuo,

não valem um vintém,

sempre a cuspir pró alto

com imenso desdém.

E se outros assombram

as suas míseras faculdades,

logo eles descobrem,

as muitas dificuldades,

que é escrever livremente

sem livro nem canudo,

pior, bem sabe a gente,

é passar de cavalo pra burro.

Mas eu, que nada devo,

acusado de poeta menor,

cada vez dou maior relevo,

ao que escrevo por amor.

Amor a mim, a quem amo,

e à palavra que é escrita,

sem forçar e em qualquer plano,

o que aos ditos é desdita,

isto tendo em conta

a seguinte situação,

seis anos cursei por uma ponta,

a outra é a vida pela mão.

De tudo escrevo um pouco,

muito, o que queira escrever,

e gritarei até ficar rouco

e doa a quem doer.

Esses, que se dizem maiores,

reparem como trabalham,

parecem-se com devedores,

nas silabas que entalham,

uma a uma, simetricamente,

com medo de perder o tino,

mais não sabem certamente,

nem que a vida é um desatino.

E assim, quando calha,

fazem um poema com moldura,

e saem, prontos pra salha,

se alguém perde a compostura,

para com o mestre emproado,

no seu momento original,

que o prosélito empregado,

não deve levar a mal.

Contudo, não sendo injusto,

à poetas que são humanos,

conheço-os e sou justo,

chamo-os de decanos.

A esses eu respeito com grado,

eles se fazem respeitar,

sabem do aluno e do letrado,

com ambos põem-se a conversar.

Por isso eu digo,

vejo muitos por aí,

mas antes só e comigo,

que aturar-lhes o pedigree.

Ele é epítetos davideanos,

gustativos luzidios,

outros há em que amainamos,

e temos calafrios.

As poetisas, por seu nome,

também deixam a sua bufa,

têm flores no cognome,

e o resto é só marufa.

Escusado será dizer

que, quem não se sente,

não é filho de bem querer,

mas assim, de repente,

a ninguém querendo ofender,

senão os citados, por sua vez,

se nas veias o sangue correr,

dêem-me o desdém de vossa tez.

Porque tudo isto já cansa,

ver uns pobres coitados,

que nem a fome já amansa,

serem endeusados,

que basta que escrevam merda,

logo o aplauso é unanime,

para quem tem idéia lerda,

tal atitude é magnânima.

Mas convenhamos, amigos,

se eu escrevo o mesmo e melhor,

porque se sentem ofendidos,

com cara de mau perdedor?

Basta! não é hora de modéstias,

é a minha obra que está em jogo.

Se não querem mais moléstias,

não ponham as mãos no fogo,

sejam justos, para quem tem sido,

de tanto trabalho e atenção,

e que agora se sente ofendido,

e magoado no coração.

Jorge Humberto

16/03/05

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 16/03/2005
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