PORQUE DEPOIS EU CONTA?
Sempre que me perguntam porque "depois" ou porque "eu conta" respondo a mesma coisa de um jeito diferente.
Depois eu contA é meu mapa e meu guia, Depois eu contA é o meu projeto literário visto do fim para o começo. É uma luneta apontada para o passado e uma agulha fincada na carne do presente desconcertante.
Depois eu contA é meu futuro do pretérito.
Um furo no tempo, é meu Aleph de Borges.
Depois eu contA é provocação e convite à leitura atenta.
Em Depois eu contA estamos eu e você, ele e ela.
Depois eu contA é um elo, enlaça quem lê e quem escreve.
Parece erro de concordância mas é preciso ler o que falta, trata-se de Poesia - a rima perfeita deveria ser o lapso que dá ritmo ao que parecia ausência.
A expressão Depois eu ContA imita a concentração máxima, reúne o disperso, é uma contradição viva.
Depois eu contA sintetiza a fragmentação do sujeito que nesse tempo de absoluta banalização padece de uma esquizofrenia dilacerante provocada principalmente pelo excesso de informação que cega, confunde, dicotomiza ou separa o sujeito da ação.
Depois eu contA congrega pessoas e tempos sob as asas da palavra – asas da Poesia.
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Baltazar Gonçalves